Ela nunca precisou de ninguém.
A solidão era o que mais a completava desde criança.
A casa de bonecas nunca tinha espaço para outros personagens,
A vida que era obrigada a viver parecia uma procura infinita em um mundo vazio e aterrador.
Tudo fazia sentido para a moça que cabia perfeitamente em abraços.
Tantos abraços.
Mas nenhum despertava o sentimental e os mais belos desejos suicidas de quem ama demais.
Até abraçar Daniel naquela praça só conseguia se reconhecer em si mesma.
Cabelos longos e claros, olhar aflito.
Agora, o outro se tornou o reflexo de como a vida poderia ser.
Nada mais era tristeza,
Nunca mais futilidades.
Só havia espaço para o encantamento.
Aquele rapaz trazia a combinação perfeita de tudo o que nunca sentira.
Pequenos gestos de amor nas ruas pareciam afrontar a quem nunca vivenciou a verdadeira liberdade presente no sentir.
Em cada beijo,
Em cada orgasmo,
Em cada agrado nos cabelos ruivos de Daniel,
Ela se afastava mais do nosso mundo e chegava mais perto da serenidade.
Santificadas sejam essas crianças.
Infantes Terribles.
Marginais que abandonaram o gueto de condutas morais hipócritas,
Para intensamente viver a paz. ______________________________________________________
* Este poema foi inspirado no livro Cléo e Daniel, de Roberto Freire.
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